quinta-feira, 19 de junho de 2014

O poeta Antonio Costta - por Vladimir Carvalho

(Vladimir carvalho)
                                         
A chave para entrar no mundo de simplicidade e pureza da poesia de Antonio Costta está contida no texto em prosa delicada e direta que ele próprio escreveu abrindo o seu primeiro livro: Um Juntador de Palavras (2003).

 Ali ele já demonstra a sua sensibilidade para os rústicos encantos do reino de sua infância, nascido que foi no seio de uma família de humildes, mas honrados agricultores. Os apelos da terra, da natureza, e os mistérios da existência foram desde sempre motivo de encantamento para o menino e de recordação para o poeta. E tudo parece ter começado a partir do momento em que lhe narraram as circunstâncias em que ocorreu a sua chegada nesse mundo de meu Deus.

Ainda não vira a luz do dia, e a sua mãe padecia das piores dores de um parto difícil quando sua avó paterna dá entrada no recinto do quarto e propõe - a queima roupa e em versos concisos - a troca do nome da criança de Fernando, como estava estabelecido, para Antonio que era o do santo do dia:

“Menino que demora a nascer
só uma esperança lhe resta
por o nome dele Antonio
que ele nasce de pressa!”.

 A mãe no auge das dores acolhe imediatamente a simpatia e mesmo arquejando responde também em versos, manifestando a sua aceitação:

“Se é pro menino nascer
e esse sofrimento acabar
então a partir de agora
Antonio vai se chamar!”

E o milagre se consumou: o menino saltou para a vida no maior berreiro, mas são e salvo para alegria de todos. Foi assim que Antonio veio ao mundo sob o signo da poesia e poeta haveria de ser.

E Antonio cresceu e se entendeu de gente em comunhão profunda com a paisagem a seu redor, em meio às gentes do povo, na dura faina da roça, na escola da velha palmatória, nas festas religiosas, nas procissões e nas cheias do rio Paraíba do Norte que banha a sua Pilar natal – vivendo o mesmo mundo que marcou a vida e a obra do grande José Lins do Rego, seu conterrâneo.

Foi esse repositório de sensações e lembranças que tem virado matéria prima para a produção lírica de Antonio Costta, agora acrescida  da temática de fundo religioso, depois de sua conversão ao evangelho, como atestam os poemas de Poesia Cristã. Em Itabaiana, no convívio estimulante com o mestre Jessier Quirino, Teresa Queiroga, Fábio Mozart e Ricardo Aguiar, entre outros, ele segue se exercitando no aprendizado literário, sabendo como é dura a lida no trato com as palavras, porque como disse Carlos Drummnond de Andrade, “Lutar com as palavras / é a luta mais vã/ entretanto lutamos/ mal rompe a manhã”.

Esse é o seu desígnio, seu mister e galardão.

VLADIMIR CARVALHO
(Cineasta e Documentarista)
(Orlando Otávio, Vladimir Carvalho e Antonio Costta)

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